Do pé ao ‘morango do amor’, colheita da fruta vira atração turística no Espírito Santo

Do pé ao ‘morango do amor’, colheita da fruta vira atração turística no Espírito Santo

Antes da febre do doce da temporada, sítios abrem espaço para ‘colheita turística’ no Espírito Santo

Uma cestinha e uma tesoura são suficientes para se viver uma experiência deliciosa em plantações de morangos nas Montanhas Capixabas, no sul do Espírito Santo, com ou sem a “febre” do morango do amor. A colheita da fruta, com pagamento por quilo, virou atração turística na região.

No município de Castelo, a um quilômetro da Igreja de Forno Grande, fica o sítio Empório do Morango, da família Kuster, que recebe visitantes nos fins de semana e feriados para a prática da colheita de morangos frescos. Outros quatro sítios na região também oferecem a opção “colha e pague”, e alguns abrem a partir de quarta-feira.

No Empório, a família começou a adotar o sistema na pandemia, uma decisão que praticamente dobrou a renda mensal dos Kuster, que plantam morangos há 40 anos. Antes, o casal Joelma Barbosa e José Imirim Kuster cultivava morangos no chão e entregava a produção a supermercados locais, cobrando R$ 10 por quilo.

Agora, eles cultivam 26 mil plantas hidropônicas em 20 estufas, ladeadas por uma perfumada plantação de lavanda. A flor aromática atrai milhares de abelhas, que garantem a polinização do morango.

Graças ao bom planejamento da produção, há frutas maduras nas estufas ao longo de todo o ano. Durante o inverno, o ciclo entre o plantio e a colheita do morango estende-se por 90 dias. No verão, bastam 60 dias.

Jefferson e Joyce, os filhos do casal, formaram-se em administração e direito, respectivamente, e voltaram para o campo para ajudar nas atividades do sítio. Com o trabalho deles, dos pais e de sete funcionários, os Kuster recebem de 500 a 600 pessoas por fim de semana para a colheita do morango. Cada quilo que os visitantes colhem sai por R$ 35.

Jefferson conta que os turistas levam quase todos os morangos maduros e que praticamente não há desperdício na colheita, mesmo com a liberação da entrada de crianças nas estufas. Os plantios mais novos geram morangos maiores e bem doces, que chegam a pesar até 92 gramas (a reportagem colheu e comeu um morango de 77 gramas), mas o peso médio de cada fruta é de 30 gramas. O que sobra vai para os supermercados na segunda-feira.

O plantio dos pés de morango ocorre em bolsas plásticas (os “slabs”) com palha de arroz e casca de pinus, que recebem fertirrigação duas vezes por dia. A família não usa defensivos químicos, apenas biológicos. Cada planta suspensa produz cerca de dois quilos por ano, ou quase o triplo do plantio anterior, no chão, que gerava 700 gramas, em média.

Empório do Morango cultiva 26 mil plantas hidropônicas em 20 estufas — Foto: Divulgação/Empório do Morango

Empório do Morango cultiva 26 mil plantas hidropônicas em 20 estufas — Foto: Divulgação/Empório do Morango

Com as estufas, diz Jefferson, as plantas ficam protegidas contra pragas, chuvas, ventos e geadas, mas as estruturas precisam ter abertura lateral para que os polinizadores possam entrar. As estufas também permitem ao produtor controlar temperatura e umidade.

Graças a esse controle e à fertirrigação, sistema que garante nutrição correta e economia de água, a produtividade por planta é bem superior à média.

A família investiu R$ 390 mil no sistema. Segundo Jefferson, o desembolso valeu muito a pena porque, com o aumento da renda, toda a família pôde se fixar confortavelmente no campo. Os Kuster também investiram em estrutura de petiscaria e restaurante para receber os visitantes.

Estão no cardápio a torta de aniversário de morango, sobremesa tradicional do Empório – e, claro, mais recentemente, o morango do amor.

Joelma conta que, nas últimas semanas, eles precisaram comprar frutas de outros produtores para produzir o morango do amor sem deixar o sistema colha e pague desabastecido. O visitante pode levar para casa também geleias e licores de morango que o Empório produz.

Até o lavandário gera renda extra. O espaço, que começou com uma cerca viva da propriedade, agora é também um ambiente que se pode alugar para a realização de casamentos e chás-revelação.

Segundo o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), a região serrana, com destaque para os municípios de Domingos Martins, Venda Nova do Imigrante, Santa Maria de Jetibá e Afonso Cláudio, é a maior produtora de morangos do Espírito Santo. Ao todo, a cultura ocupa cerca de 300 hectares no Estado, que produz 10 mil toneladas da fruta por ano.

Fonte: Globo Rural.

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