“Enxame” de drones transforma o céu das lavouras brasileiras

Enxame de drones transforma o céu das lavouras brasileiras noticia globo rural

 

O mercado global de drones agrícolas, atualmente avaliado em US$ 2,01 bilhões, deve quadruplicar de tamanho até 2029, quando deverá movimentar US$ 8,03 bilhões, segundo estimativa da consultoria indiana MarketsandMarkets Research. Como o Brasil deverá responder por uma fatia significativa dessa indústria, o país tem atraído novas empresas, e na lista agora aparece com mais envergadura a chinesa DJI, a maior fabricante de drones do mundo.

O primeiro drone da gigante chinesa pousou no Brasil em 2018. Na época, a empresa atuava no mercado brasileiro somente por meio de seus revendedores. A operação começou oficialmente no ano seguinte, com o lançamento do drone agrícola T16 e do P4R, para mapeamento de campo, e ganhou fôlego com o “boom” do setor.

“Entre 2021 e 2024, nossas vendas cresceram 3.000% no Brasil. Já é o nosso segundo maior mercado fora da China. Acreditamos que o país tenha capacidade para comportar até 170 mil drones agrícolas, há um potencial enorme para ser explorado”, disse Xiajun Shennde, que lidera o marketing da empresa, durante a 30 Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), na semana passada.

Nos últimos três anos, o número de drones agrícolas em operação no país cresceu exponencialmente. Em 2022, havia 1.109 unidades na frota nacional. Dois anos depois, o contingente passou de 5 mil equipamentos, segundo dados oficiais do Sistema de Aeronaves Não-Tripuladas (SISANT), órgão vinculado à Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). Atualmente, já são 8.304 dispositivos registrados, o que representa um aumento de 648,8% em apenas três anos.

Enquanto outros países ainda enfrentam entraves operacionais, o Brasil avança com testes, certificações e políticas públicas que impulsionam o uso da tecnologias no campo. Em 2023, a Anac flexibilizou as regras para drones utilizados em operações aeroagrícolas, retirando a obrigatoriedade do certificado para pilotagem.

A agência também desenvolveu sistemas amigáveis para o registro dos equipamentos e autorizações de voo. Em paralelo, o Ministério da Agricultura já propôs regras para a operação de drones na agricultura e padronização no treinamento de operadores.

Essa abordagem, avalia a DJI, é um dos principais diferenciais competitivos do Brasil, que se consolida como referência internacional em agricultura de precisão. De acordo com a executiva, atualmente, a empresa chinesa tem 20 mil drones agrícolas no Brasil. Uma parte está em operação e a outra em estoque com as concessionárias. Isso explica, segundo a empresa, a divergência com os números da Anac. Além disso, nem todos os drones são cadastrados de imediato na agência reguladora.

A meta para 2025 é alcançar 30 mil unidades. “É um desafio, porque a tecnologia ainda é uma novidade para muitos produtores, as fazendas brasileiras são maiores em comparação às chinesas, então as necessidades são diferentes, e ainda faltam pilotos capacitados, mas estamos trabalhando para resolver estes pontos”, afirmou. Atualmente, cerca de 400 mil drones agrícolas da DJI estão em operação em todo o mundo.

É preciso, em média, R$ 200 mil para comprar um drone no Brasil. Uma opção que tem se mostrado vantajosa para os agricultores que desejam testar o equipamento no campo sem se comprometer com os altos custos de aquisição é a locação, serviço oferecido por empresas como a Agroatlas Brasil e a Natutec by Koppert.

Robinson Tomáz de Castro, produtor de banana-prata em Cássia (MG), contratou o serviço de drone para pulverização por um ano, até se sentir seguro para investir no seu primeiro equipamento, um DJI T50. Ele fechou negócio no início de maio.

“A gente costumava fazer com trator, mas estragava as folhas e os cachos. Isso sem contar que demorava até cinco dias para pulverizar toda a área. Com o drone, em um dia finalizamos. A aplicação é mais qualificada e mais rápida”, diz. Sem mão de obra especializada para realizar a operação, Castro decidiu que ele mesmo fará o curso de pilotos. Sua ideia é oferecer o serviço para as propriedades vizinhas e recuperar o seu investimento em até dois anos.

Na visão de Fátima Vasconcellos, produtora de grãos em Papagaios (MG), a principal vantagem dos drones e o ganho potencial de produtividade da lavoura. Na última safra, além de evitar perdas por amassamento, que comprometiam cerca de 5% da produção, ela colheu 86 sacas de soja por hectare, bem mais do que as 60 sacas por hectare que costumava colher antes de aderir à pulverização aérea, em 2022.

A economia é o que fez o investimento valer a pena para Francisco de Assis, produtor de tomate, cebola e batata-doce em Cubati, na Paraíba, que já considera adicionar um quarto equipamento à sua frota. “Nossos gastos com pulverização manual giravam em torno de R$ 14 mil por mês para cada 10 hectares. Agora, com o drone, nosso custo caiu para R$ 3.600. Fora que nosso quadro de funcionários diminuiu de 300 para 180 pessoas”, conta.

Fonte: GloboRural

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